quarta-feira, setembro 28

Ai Se Sêsse

Zé da Luz*

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois lá subisse
Mas porém acontecesse de São Pedro
Não abrisse a porta do céu
E fosse te dizer qualquer tolice
E se eu arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me aresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Taveis que nois dois ficasse
Taveis que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

* Poeta do sertão de Pernambuco, início do Século XX

terça-feira, setembro 6

Um Tudo

algo bem arranjado em um cubo
do tipo mágico que abriga, mudo,
segredos escondidos lá no fundo.

algo desalinhado em pêlo puro
do tipo enrolado em pano, escuro,
como quase tudo em todo o mundo.

algo enveredado sem nenhum apuro,
do tipo elaborado que desobriga, contudo,
mover mundos em busca de fundos.

sexta-feira, setembro 2

Romântica in sensatez

Romântica prá lá de cântica,
Encanta
Sensatez que um dia lhe fez,
Talvez
Encana sempre e não descansa,
Emana
Ares de completa e inoportuna
Insensatez
Ardida e incontida ao colchão,
Paixão.