terça-feira, março 11

A transa

Lou Salomé

Disfarçava, mas desejava tanto quanto temia aquele olhar devorador somado ao arrepio provocado por aquela barba propositalmente roçando no meu rosto. Eu sabia do que ele gostaria, ele achou que se me virasse do avesso eu me apaixonaria, no fundo sabíamos que éramos dois estrategistas.

Deixei que ele conduzisse, fez de mim o que bem quis. Começou beijando-me enquanto me rolava para cima de si a fim de averiguar o que significava aquilo que eu lhe dizia: “Estou ensopada”. Tirou minha calça justíssima, mas não encontrou uma renda - isto rendeu depois... Espantou-se com a disposição natural dos pelos, mas não deixou de continuar no seu objetivo. E lá ficou o tempo que o pentelho permitiu antes de coçar-lhe o nariz.

Voltei-me à sua boca que obviamente não se entregou, era evidente que evitava riscos mas não aquilo. Guiava-nos pelos discretos movimentos faciais involuntários que, por alguns instantes, nos tiraram completamente daquele papel até então meramente imaginário.

Ameaçado, subitamente tomou as rédeas e demonstrou todas as suas habilidades técnicas, fazendo da minha kama um cenário sutra. Supra capaz de arrebentar as amarras do coração e do peito, que se abriu absurdamente num grito estridente que deve ter acordado alguma gente.

Nenhum comentário: